EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM UM COMPROMISSO SOCIAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS *

Autores

  • Camila Andrade Ferreira dos Santos Universidade Estadual de Feira de Santana

DOI:

https://doi.org/10.13102/jeuefs.v2i2.6167

Resumo

Palavras chaves: Propostas Pedagógicas. Educador Ambiental. Socioambiental.

Introdução

A Extensão Universitária tem como incumbência promover uma relação de compartilhamento do conhecimento científico produzido na universidade com a comunidade que a circunda. Segundo Paula (2013), é de responsabilidade das universidades dialogar com a sociedade, procurando respostas às suas demandas e expectativas, reconhecendo a sociedade em sua diversidade como portadora de valores e culturas tão legítimos, quanto aqueles derivados do saber acadêmico. Para Guimarães (2009), um importante papel da extensão na universidade surge quando a extensão torna possível o estabelecimento de redes que englobam a troca de saberes, difusão de experiências e práticas inovadoras, a criação de metodologias adequadas às diferentes realidades, construindo uma permanente interlocução, com a utilização de variados meios de comunicação e divulgação, desde a rede virtual, até a produção de materiais didáticos; sendo capazes de atender às diferentes demandas e possibilitar a interação, o acesso e a inclusão das populações marginalizadas socioculturalmente.

Sauvé (2005) acredita ser a Educação Ambiental um território fértil de possibilidades conceituais e pedagógicas, portanto ao falarmos de EA, sabemos que estamos dentro de um arcabouço teórico de muitas facetas. Para Reigota (1998, p.13), EA é “uma perspectiva pedagógica e política, voltada à construção da cidadania, igualdade, justiça e possivelmente de uma sociedade sustentável”. Então é uma visão de educação vinculada a uma perspectiva política, desnaturaliza o debate com a questão ambiental e atrela à ele uma visão crítica de sociedade. Há a necessidade de pensarmos para além dos comportamentos individuais, mas adentrarmos em problematizações da forma como a sociedade se relaciona com o ambiente e qual o papel da educação nesta relação. Assim, a EA carrega um vínculo com as mudanças sociais, apontando a justiça ambiental como um conceito essencial. Layrargues (2009) discorre sobre a dificuldade em perceber a relação entre a questão social e ambiental, mostrando que a principal causa desse fator é que o termo “ambiental” é compreendido como um sinônimo de “ecológico”, sendo assim, sempre que se trata de educação ambiental tem-se uma visão equivocada de que se refere apenas a questões ecológicas. Porém, as questões ambientais e sociais são inteiramente conectadas, ao considerar essa relação social-ambiental educadores podem assumir posturas e práticas pedagógicas para uma educação ambiental com responsabilidade social.

Expor a relevância da extensão universitária para a formação de educadores ambientais com práticas pedagógicas salientando um compromisso social da Educação Ambiental no Ensino de Ciências torna-se um desafio importante neste processo. Este presente artigo foi requerido como trabalho final da bolsa de extensão ofertada pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). A criação dessas atividades pedagógicas está atrelada às visitas escolares do Ensino Fundamental I, que são recebidas no prédio da Equipe de Educação Ambiental (EEA) na UEFS.

Material e Método

A proposta do Plano de Trabalho do PIBEX (2018), foi a construção de um acervo com materiais didáticos que possam ser utilizados nas escolas, principalmente nas atividades vinculadas ao ensino de Ciências, com preocupação ao método e custo de produção desses materiais, que sejam acessíveis aos contextos das escolas públicas e que tenha ação efetiva na compreensão dos temas abordados na Educação Ambiental.

Para tornar a prática com a produção de materiais pedagógicos voltados à educação ambiental consistente, foi necessária a realização de estudos que pudessem provocar uma reflexão sobre o conceito de EA no grupo ressaltando a preocupação primordial com a acessibilidade e clareza dos temas abordados em cada atividade pensada e confeccionada, para que o grupo de estudantes de licenciatura (bolsistas em diferentes programas da universidade, presentes na EEA), pudesse ser contemplado com uma formação em educação ambiental que corroborasse com a prática. A proposta é de que os materiais fossem produzidos por professores em formação, para serem utilizados por professores em formação atuantes e em processos de formação continuada, com o intuito de ampliar o conhecimento e práticas pedagógicas da Educação Ambiental no Ensino de Ciências.

O trabalho de extensão da EEA consiste em um processo formativo interno (quando a Equipe a partir de trabalhos de pesquisa e extensão experimenta processos de auto formação do seu coletivo em torno dos temas da Educação Ambiental), e uma abordagem de prática pedagógica com o público externo, que visita o espaço e busca compreender o tema na sua relação com os espaços escolares. Este processo de comunicação entre setores da academia e instituições fora dela, dá à EEA a prerrogativa de se consolidar como espaço extensionista de relevância dentro da UEFS.

Resultados e Discussão

O discurso da Educação Ambiental é levado por diversos grupos sociais que têm como objetivo uma igualdade social e ambiental para aqueles que vivem em uma realidade de desigualdade e exclusão. Ao professor de Ciências, por exemplo, temas da Educação Ambiental são facilmente abordados em suas aulas. O professor que tem o papel de educador ambiental ao ter uma visão consciente do ambiente que rodeia seus alunos, a classe social da maioria e quais as principais demandas da comunidade escolar, buscam atrelar o conhecimento tradicional e os problemas encontrados com os assuntos da educação ambiental, problematizando e instigando um pensamento e discurso crítico e social sobre o tema.

A proposta de trabalho extensionista visando à criação de um acervo bibliográfico sobre EA para o trabalho com as escolas, vai nesta direção. É um trabalho que busca expor as diversidades de estratégias de atuação, objetos de luta e discussão, e métodos e práticas pedagógicas variadas que sejam propostas nas atividades junto aos processos formativos em parceria com as escolas públicas. Para tanto, é necessário que haja uma aliança com a formação de professores de todas as disciplinas para que a Educação Ambiental cumpra com seu papel interdisciplinar e que cada área do ensino desenvolva atividades e debates sobre a educação ambiental em seu campo de estudo.

Considerações Finais

A experiência formativa nos trabalhos extensionistas da EEA tem trazido um significativo amadurecimento no processo de formação dos estudantes de licenciatura, com especial destaque para os estudantes de Ciências Biológicas presentes no espaço. Neste trabalho, é possível perceber o quanto é necessário que a Educação Ambiental seja inserida nas instituições escolares, principalmente em instituições públicas nas séries iniciais, quando a temática ambiental pode e deve ganhar um destaque especial para seu público jovem e geralmente implicado nas consequências desastrosas da sociedade desigual e excludente.

Acredita-se que um educador ambiental precisa estar consciente dos impactos das questões ambientais na vida da população, compreender que as questões sociais são também de relevância no debate ambiental, como estas relações (sociedade e ambiente) são conectadas e desafiam o trabalho dos professores na escola pressupõe-se que para o professor de Ciências, esta é uma demanda extremamente relevante, desnaturalizando o tema e colocando estes estudos em conexão com o mundo da vida. A extensão universitária além de promover conhecimento mais ampliado para o bolsista, também aproxima a universidade de uma diversidade sociocultural rica, com suas comunidades tradicionais e não tradicionais, carregadas de saberes e culturas diversas. Isso torna a universidade um ambiente de construção de saberes preocupado com causas sociais e aumentando a diversidade dos agentes atuantes no espaço acadêmico. O PIBEX tem trazido esta possibilidade formativa possibilitando uma experiência extensionista consequente, aos estudantes de graduação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Camila Andrade Ferreira dos Santos, Universidade Estadual de Feira de Santana

Graduanda em Licenciatura em Ciencias Biológicas na Universidade Estadual de Feira de Santana. Departamento de Cencias Biológicas. Bolsitas de Extensão na EEA-UEFS

Referências

GUIMARÃES, M. A.; A Dimensão Ambiental na Educação. Cad. Cedes, Campinas, vol. 29, n. 77, p. 49-62, jan./abr. 2009. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br Acesso em:15 set. 2020.

LAYRARGUES, P.P., CASTRO, R. de S. (Orgs.). Repensar a Educação Ambiental: um olhar crítico. São Paulo: Cortez. p. 11-31. 2009.

PAULA, João Antonio de. A extensão universitária: história, conceito e propostas. Revista Interfaces,v.1,n.1,2013.Disponível

em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistainterfaces. Acesso em: 18 nov. 2020

REIGOTA, M. O que é educação ambiental? São Paulo: Brasiliense, 1998. SUAVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n.2, p. 317-322, maio/ago. 2005.

Downloads

Publicado

2021-11-19