Corpo, infâmia e hipervisibilidade no espaço virtual: o caso Marina Silva de Manaus

Autores

  • Joseeldo da Silva Junior Universidade Federal da Paraíba
  • Francisco Vieira da Silva Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

DOI:

https://doi.org/10.13102/cl.v22iEsp..7287

Resumo

Este estudo analisa a hipervisibilidade obtida por uma ex-moradora de rua e dependente química após publicação feita pela cantora Madonna viralizar nas redes sociais. Observa-se como contato com o poder propiciou à Maria Solange, apelidada de Marina Silva de Manaus, possibilitou a saída da marginalidade para reabilitação psicossocial. Na esteira da análise do discurso com Foucault a ideia desta pesquisa é traçar uma lógica que visa compreender como o sujeito infame transita da visibilidade para a hipervisibilidade tendo o poder como limiar entre uma coisa e outra. Para isso utilizou-se um recorte enunciativo de três fases de Marina Silva de Manaus como corpus para análise, quais sejam: i) momento da visibilidade; ii) o encontro com o poder; e iii) o alcance da hipervisibilidade. Constatamos que o contato com o poder resultou na reconfiguração na existência de Marina Silva: de um corpo monstruoso e um indivíduo a ser corrigido, a então sujeito marcada pela infâmia é normalizada e reintegrada à comunidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Joseeldo da Silva Junior, Universidade Federal da Paraíba

Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação de Linguística da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Graduado em Licenciatura Plena em Letras Português na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Francisco Vieira da Silva, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

Doutor em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mestre em Letras pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Especialista em Ciências da Linguagem aplicadas à Educação a Distância (CLEAD) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Graduado em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Professor efetivo de Linguística e Língua Portuguesa da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Campus de Caraúbas. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e do Programa de Pós-Graduação em Ensino (POSENSINO), da associação entre a a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). 

Referências

AGAMBEN, G. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Trad. Henrique Burigo.Belo Horizonte: UFMG; Humanitas, 2004.

BUTLER, Judith. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

CURCINO, Luzmara. Infames e penetras no universo da leitura: princípios da arqueologia foucaultiana em uma análise de discursos sobre essa prática. Moara, Belém, v. 1, n. 57, p. 74-91, 2020.

FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault: uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p. 231-249.

FOUCAULT, M. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). São Paulo: Martins Fontes, 2002.

FOUCAULT, Michel. A vida dos homens infames. In: FOUCALT, Michel. Ditos & Escritos IV: Estratégia, poder-saber. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. p. 203-222.

FOUCAULT, Michel. Eu sou um pirotécnico. In: POL-DROIT, Roger. Michel Foucault: entrevistas. São Paulo: Graal, 2006b. p. 67-100.

FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. Aula Inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 24. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 5.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

GREGOLIN, M.R. Discursos e imagens do corpo: heterotopias da (in)visibilidade na WEB. In: FLORES, G.G.; NECKEL, N.R.F.; GALLO, S.M.L. (Orgs.). Análise de discurso em rede: cultura e mídia. Campinas: Pontes, 2015, p. 191-213.

GREGOLIN, M. R. Análise do discurso, Foucault e mídia: entrevista com Maria do Rosário Gregolin. [Entrevista concedida a] OLIVEIRA, P. R. R. D. de; OLIVEIRA, G. F. de; NOGUEIRA, M. A. Diálogo das Letras, Pau dos Ferros, v. 7, n. 1, 2018. p. 201-207. Disponível em:<http://periodicos.uern.br/index.php/dialogodasletras/article/view/2982/1592>.

HAN, Byung-Chul. A sociedade da transparência. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2014.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz T. da Silva e Guacira L. Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

MADONNA. Holiday. Nova Iorque: Warner Bros: 1983. CD. 6:07.

NAVARRO, Pedro. Por uma análise arquegenealóagica do discurso. In: BARONAS, R. L. (Org.). Estudos discursivos à brasileira: uma introdução. Campinas/SP: Pontes Editores, 2015.

NAVARRO, Pedro. Estudos discursivos foucaultianos: questões de método para análise de discursos. Moara, Belém, v. 1, n. 57, p. 8-33, 2020.

KEEN, Andrew. Vertigem Digital: por que as redes sociais estão nos dividindo, diminuindo e desorientando. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

OLIVEIRA, D.A.T. Das grades às redes: a constituição do sujeito criminoso no espaço heterotópico do Youtube. 2019. 103 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2019.

SARGENTINI, V. M. O. Há em Foucault um gesto inaugural nos estudos do discurso? Revista Heterotópica, v. 1, n. 1, p. 34-47, 26 jun. 2019.

SARGENTINI, V. M.; CORSI, J. C. O enunciado à primeira vista: as (im)possibilidades de uma leitura da superfície dos discursos. Moara, Belém, v. 2, n. 57, p. 181-199, 2021.

SIBILIA, P. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

SIBILIA, P. O passado editável: crise da inferioridade e a espetacularização de si. Ciendigital, n. 17, 2015. Disponível em: <https://ciendigital.com.br/index.php/2018/11/29/o-passado-editavel-crise-da-interioridade-e-espetacularizacao-de-si/>. Acesso em: 21 jun. 2021.

SILVA, F. V. A constituição do sujeito celebridade no site Ego: (re)configurações da intimidade em tempos de hiperexposição midiática. 2016. 212 f. Tese (Doutorado) –Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2016.

SILVEIRA, F. de A. A noção de rede em Foucault. Revista Unimontes Científica, v. 6, n. 1, p. 01–19, 2004.

SOARES, Conceição. O audiovisual como dispositivo de pesquisas nos/com os cotidianos das escolas. Visualidades, Goiânia v. 14, nº 1, p. 80-103, jan./jun. 2016. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/VISUAL/article/view/43033. Acesso em: 15 abr. 2020.

VEYNE, Paul. Uma história sociológica das verdades: saber, poder, dispositivo. In: VEYNE, Paul. Foucault: seu pensamento, sua pessoa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 164-192.

Downloads

Publicado

2022-02-17

Como Citar

da Silva Junior, J., & Vieira da Silva, F. (2022). Corpo, infâmia e hipervisibilidade no espaço virtual: o caso Marina Silva de Manaus. A Cor Das Letras, 22(Esp.), 19–34. https://doi.org/10.13102/cl.v22iEsp.7287

Edição

Seção

Dossiê: Corpo e espaço: que discurso enunciam?