Infâncias deslocadas: controles de corpos e fronteiras em Arquivos das crianças perdidas

Autores

  • Lívia Verena Cunha Rosário Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.13102/cl.v22iEsp..7325

Palavras-chave:

Crianças, Refugiados, Controle, Fronteira

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar como a experiência de crianças refugiadas, na fronteira entre México e Estados Unidos, é retratada na obra Arquivo das crianças perdidas, da autora mexicana Valeria Luiselli. Todos os anos, cerca de 100 mil crianças vindas do México e América Central enfrentam, muitas vezes desacompanhadas, uma perigosa viagem em busca de segurança e esperança de sobreviver nos Estados Unidos. Quando os refugiados conseguem alcançar a fronteira, ainda correm o risco de serem detidos ou deportados de volta a seus países. Várias crianças que viajam nessas circunstâncias para os Estados Unidos – ou de um país para outro, em qualquer lugar do mundo –, ficam aguardando muito tempo em centros de detenção ou campos de refugiados, sem saber o destino que as aguarda. É a partir das histórias dessas crianças que fogem, e às vezes se perdem cruzando as fronteiras, que Valeria Luiselli constrói o romance Arquivo das crianças perdidas, e situa o leitor diante de alguns aspectos da complexa experiência do refúgio no mundo contemporâneo. Para tanto, o artigo especifica as vulnerabilidades das crianças refugiadas, a relação da autora com a questão migratória e como a polifonia da obra apresenta as características dos mecanismos de controle de corpos na fronteira.                   

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Global Trends Forced Displacement 2019. (Relatório Tendências Globais do Deslocamento 2019). Disponível em: https://www.unhcr.org/globaltrends2019/#_ga=2.26643389.1682290101.1598875195-916436396.1593524852.

ACNUR -. Manual de procedimentos e critérios a aplicar para determinar o Estatuto de Refugiado – de acordo com a Convenção de 1951 e o Protocolo de 1967 relativos ao Estatuto dos Refugiados. Genebra, 1992. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2018/02/Manual_de_procedimentos_e_crit%C3%A9rios_para_a_determina%C3%A7%C3%A3o_da_condi%C3%A7%C3%A3o_de_refugiado.pdf

AGIER, Michel. Borderlands: towards an Anthropology of the Cosmopolitan Condition. Cambridge and Malden: Polity Press, 2016.

BERTONCELLO, Fernando Rodrigues da Motta. Quando migrar é a última alternativa: o refúgio por questões de gênero. Londrina: Editora Thoth, 2020.

BAUMAN, Zygmunt. Estranhos à nossa porta. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

COSTA, Vitória Volcato da; VIEIRA, Luciane Klein. Nacionalismo, xenofobia e União europeia: barreiras à livre circulação de pessoas e ameaças ao futuro europeu. Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, vol. 3., set/dez., 2019, p. 133-160. Disponível em:

https://revistas.ufpr.br/direito/article/view/65536/40429.

DI CESARE, Donatella. Estrangeiros residentes: uma filosofia da imigração. Belo Horizonte: Editora Âyiné, 2020.

ICEBOX. Direção: Daniel Sawka. Produção: James L. Brooks. Estados Unidos, 2018. 1h26 min. HBO.

KHAN, Adnan R. Alan Kurdi’s father on his family tragedy: ‘I should have died with them’. The Guardian, Tue. 22 Dec. 2015. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2015/dec/22/abdullah-kurdi-father-boy-on-beach-alan-refugee-tragedy

LALAMI, Laila. A esperança é uma travessia. Rio de janeiro: Rocco, 2007.

LUISELLI, Valeria. Arquivo das crianças perdidas. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2019.

LUISELLI, Valeria. Tell me how it ends: an essay in 40 Questions. Minneapolis: Coffee House Press, 2017.

MANGANA, Rafael. Aylan Kurdi como imagem-despertador da crise dos refugiados: o enquadramento da imprensa ibérica. Revista Estudos em Comunicação da Universidade da Beira Interior. Nº 26, vol. 2, 2018, p. 61-79. Disponível em: http://ojs.labcom-ifp.ubi.pt/index.php/ec/article/view/455/238.

MACHADO, Igor José de Reno. Etnografias do Refúgio no Brasil. São Carlos: EDUFSCar, 2020.

OIM – Organização Internacional para as Migrações. World Migration Report 2015 (Relatório de Migração Global 2015). Disponível em: https://www.iom.int/world-migration-report-2015.

PETERS, John Durham. Exile, Nomadism and Diaspora: the stakes of mobility in the western canon. In: NAFICY, Harnid. Home, Exile, Homeland: Film, Media and Politics of Place. New York and London: Routledge, 1999, p. 17-41.

PINTO, J. M. S. O desolador cenário migratório do Triângulo Norte da América Central: limites e perspectivas no âmbito humanitário. Rev. Sociologias Plurais, v. 6, n. 1, p. 29-44, jan. 2020.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.) A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos aires: Colección Sur Sur, CLACSO, set. 2005, p 107-130.

ROMERO, Laura. México, corredor migratório global. Gaceta UNAM (Universidad Nacional Autónoma de México). Feb 4, 2021. Disponível em: https://www.gaceta.unam.mx/mexico-corredor-migratorio-global/.

SANTOS, Isabelle Dias Carneiro. Crianças e adolescentes refugiados: políticas públicas de integração. Londrina: Thoth Editora, 2020.

SCHMID, Patrícia Cavalcanti. Saúde mental e restrição de liberdade: relato de experiência como médica psiquiatra em centro de detenção de refugiados. Revista Saúde Debate 43 (121) 05 ago. 2019. Disponível em: https://scielosp.org/article/sdeb/2019.v43n121/626-635/.

SILVA; Karine de Souza PISETA, Ivan. Dois pesos e duas medidas: a projeção da colonialidade nas políticas de migrações e de cidadania na União Europeia , Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas: v. 13 n. 1 (2019). Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/13084

Downloads

Publicado

2022-02-17

Como Citar

Rosário, L. V. C. (2022). Infâncias deslocadas: controles de corpos e fronteiras em Arquivos das crianças perdidas. A Cor Das Letras, 22(Esp.), 65–81. https://doi.org/10.13102/cl.v22iEsp.7325

Edição

Seção

Dossiê: Corpo e espaço: que discurso enunciam?